segunda-feira, 29 de outubro de 2012

As horas passam



     Hoje em dia o imediatismo toma conta de todos. O resultado é buscado sem que haja a procura, o prazer é adquirido sem que tenha o compromisso, a expectativa já tornou-se coisa do passado. A conquista já não vale a luta. Assim como uma droga, isso tudo vai perdendo efeito com o passar do tempo e, por conta, a necessidade de se obter mais e mais em um ritmo desenfreado. E assim a vida vai passando sem o deleite da caminhada.


     Certa vez o inteligente Chaplin falou: Ainda que alguém que quase morre esteja vivo, aquele que quase vive já morreu. 


     A arte das situações desabrocham em uma velocidade tão impressionante que em sua maioria esmagadora, a realização do momento não é sentida, como um efeito mecânico, passa despercebido, como areia que escorrega entre os dedos, não conseguimos mantê-las conosco. Existe um corre-corre imenso com o aproveitamento invariavelmente inverso. Talvez pelos moldes da nossa sociedade capitalista, a figura do "sucesso de amanhã" deixa-se de viver o hoje, o agora. As dificuldades modernas que tomaram conta do nosso EU, não nos permitem a desconexão. A realização de diversas atividades ao mesmo tempo, a "otimização" do tempo. O preenchimento de todas as horas do dia, como uma máquina programável faz com que percamos, em passos largos, a sensibilidade com as pessoas, as conversas sem importâncias, o sentar à calçada, os encontros casuais. O contato entre as pessoas, o calor da humanidade é esquecida, o relógio é absoluto em sua ordem, nos domina como um Senhor, acima do bem e do mal. É necessário um despertar rápido, acordar antes que o nosso tempo passe e tenhamos vividos apenas a vida de um outro alguém.